quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Intuições sobre pós-escrito


O que fazer, enquanto se aprende, a não ser usar a intuição?
A intuição que cultivo, quase sempre, quando penso no meu novo livro - ATO PENITENCIAL - é que o demônio Asmodeu está deslocado na obra... não deslocado no contexto do enredo/discurso, mas no contexto do projeto inicial, ou seja, a essência fáustica do protagonista-narrador. Se Fausto mantém, desde as primeiras versões desse livro, aquele descontentamento enraizado na vontade de ir além e aquela rebeldia camuflada sob o simulacro cotidiano, Asmodeu surge a princípio sem saber por onde e como cercar Fausto, como se fosse um adereço necessário para justificar e complementar o propósito do mito. Muitas páginas foram escritas e reescritas na tentativa de dar-lhe o mesmo "estatuto ficcional" de Fausto. Se este - na minha opinião - consegue estabelecer uma linha de comunicação satisfatória com o real, o mesmo não posso dizer de Asmodeu.
Mas essa intuição terá que se preservar até que se confirme o diferente, mesmo porque o livro está pronto e será publicado em breve. O fato é que quando decidi trabalhar com um mito, da importância de Fausto, já sabia que não me contentaria com nenhum resultado.
Na foto, que extraí da Web, um momento do filme "Fausto", de Murnau. Filme indispensável!

Um comentário:

  1. de carona na última frase; .... não me contentaria com nenhum resultado. é implicação fáustica: processo dominado, resultado acidental. independente da obtenção dele via planejamento,trabalho, pois técnica é pacto com o diabo para fugir do mundo teológico medieval. a coisa se liga diretamente a vontade e representação.

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