sábado, 27 de agosto de 2011

Congresso da UBE

Na próxima sexta-feira, dia 02 de setembro, vai acontecer o lançamento oficial do CONGRESSO NACIONAL DE ESCRITORES da UBE (UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES), da qual sou filiada.
Esse evento deve tornar oficial à cidade Ribeirão Preto a notícia de que ela será sede do Congresso, que será realizado de 12 a 15 de novembro de 2011.
O lançamento oficial será feito pela Excelentíssima Senhora Prefeita Dárcy Vera e o Presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, no dia 02 de setembro (sexta-feira), às 10:00 hs, no Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura de Ribeirão Preto.
Eu, particularmente, me sinto muito feliz em pertencer ao núcleo da UBE de Ribeirão Preto e fazer parte desse processo de divulgação do Congresso. Na verdade foi uma honra ser convidada para esse núcleo e espero contribuir com ele da melhor forma possível. Sou grata a Eliane Ratier e a Menalton Braff pelo convite para integrá-lo.
Quanto ao Congresso... sinceramente estou animada com ele. Acho que Ribeirão Preto corre o risco de se tornar uma cidade com grande potencial cultural!... Temos uma Feira do Livro que realizou sua 11a. edição com boa expressividade, temos cidadãos no ramo da Letras, da Cultura e da Educação com vontade de trabalhar... A cidade tem muitas coisas que me dão esperança de ver dias muitos bons pela frente, no que depender da cultura.
O público, ou melhor, a Massa precisa ser atingida sim por todos esses projetos e militantes culturais. Mas esse desafio não é só local, é universal. Em qualquer lugar do mundo, mesmo onde a educação parece ser muito melhor do que aqui, o comportamento da Massa oferece muitas semelhanças. E se escrevo Massa com inicial maiúscula não é por erro de digitação... a Massa para mim é um elemento que merece atenção de todo intelectual.
Em postagens futuras vou colocar a programação do Congresso Nacional da UBE. Mas enquanto isso, deixo o convite político: sejamos complacentes com a Massa, apesar do seu gosto, hoje, duvidoso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

as estratégias de um Fausto

O Fausto de ATO PENITENCIAL, muitas vezes, é visto por mim quase como uma contradição do Fausto tradicional. Mas isto deve ter a ver com a sua configuração pós-psicanálise. Acho.
Vejamos seu conflito original... Fausto introjeta o objeto perdido (pai) para o seu EU. Se considerarmos que Fausto sofre de uma melancolia por essa perda e considerando a definição freudiana de melancolia, posso sugerir que Fausto se refugiou no sacerdócio como uma maneira de interiorizar aquilo que ele perdeu junto com o pai, ou seja, a santidade. Devido ao fato do pai sacrificar sua própria vida para salvar a vida do filho, Fausto o toma por santo. Além disso, o luto da mãe pela morte do marido parece induzir Fausto a encarar essa mãe de uma maneira diferente do que ela era antes: com a perda do pai de Fausto, essa mãe se mostra amedrontada em relação ao filho e ao futuro dele. Para Fausto essa mãe passa a temê-lo ao invés de amá-lo. Fausto assim precisa recuperar o amor, livrando-se do que o torna temível e ameaçador.
Em resumo, o que torna meu Fausto menos distante da composição do mito, talvez seja a sua atitude adâmica de romper o trato da não-ciência, ou seja, no momento em que ele desobedece o pai (que lhe pede para se calar, diante de uma situação de perigo). Essa desobediência adâmica é a reveladora, acho, do espírito faustiano que já havia no menino. Contudo, a consequência da desobediência é a expulsão do paraíso: a perda da proteção paterna. Fausto passa do papel de protegido para o papel de preocupação, insegurança (da mãe). A mãe passa a temer pelo destino do filho, o que dá a Fausto a ideia de que - para a mãe - a mesma violência/inferno que eliminou seu marido também pode corromper o filho. Faz-se assim o pacto entre a mãe e a Igreja, na luta pela salvação de Fausto, que admite esse projeto enquanto autopunição, masoquismo. Será?
Logo, Fausto está - desde a revelação da sua essência - envolvido num processo de salvação. E ao ganhar consciência desse processo (um projeto alheio a si), é que se rebela por saber que lhe fora sabotado o poder de ação. É por não ter domínio absoluto sobre sua natureza (e sobre o insconsciente) que Fausto se sente privado da ação. A coragem de falar e agir fora-lhe tirada. Daí portanto, a sua necessidade de "repetir" uma doutrina, uma palavra "pronta", a Palavra de Deus. A sua desobediência adâmica consistiu justamente na insistência em falar, em querer argumentar.

sábado, 13 de agosto de 2011

Fausto


O primeiro Fausto que me cativou veio do cinema. Foi ao assistir o filme "Fausto", de F. W. Murnau, obra máxima do cinema expressionista alemão, que me vi tentada a buscar o livro que inspirara Murnau: "Fausto" de Goethe.
Li a primeira parte de Fausto de Goethe e me senti na obrigação de buscá-lo na íntegra. Anos mais tarde li o livro inteiro pela tradução de Agostinho D'Ornelas. Mas antes eu já o havia encontrado em outros cantos, em livros, filmes e internet. Fausto me perseguiu por vários anos e de muitas formas.
A forma mais absurda de Fausto me perseguir foi através de Fernando Pessoa. No livro "Fausto: Tragédia Subjetiva", de Fernando Pessoa, o mito de Fausto conseguiu me prender definitivamente.
Meu ATO PENITENCIAL é, em parte, uma resposta a essa perseguição.
Questões que não admitem indiferença...

Na referência de imagem, mais uma cena de "Fausto" de Murnau.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Está pronto


domingo, 7 de agosto de 2011

Deus e Demônio para o Fausto de "ATO PENITENCIAL"


... Ou talvez não seja deslocamento... Não... Talvez Asmodeu só esteja cumprindo o que lhe fora programado!... Em ATO PENITENCIAL é possível que o demônio Asmodeu esteja só cumprindo seu papel, estabelecido por Fausto.
O que Fausto estabelece a respeito de Deus? Vejamos: pela incursão circunstancial de uma culpa em plena infância (com 9 anos de idade), Fausto se vê penalizado "eternamente". À medida que ele cresce, Deus se torna para ele cada vez mais remoto. No entanto, para suportar a pena, é preciso servir ao objeto dessa culpa, ou seja, é preciso servir ao pai, morto em decorrência da imprudência de Fausto. Enquanto reza pelo pai real, Fausto administra sua culpa rezando pelo deus (Cristo) que também fora sacrificado como salvação. Trata-se de um deus "simbólico" que se equipara ao deus real (o pai). Mas ao longo da escrita, ao longo do Ato Penitencial proposto, Fausto se conscientiza sobre tudo isso, sobre todo esse arranjo, e é por isso que sente seu deus - aquele que ele, enquanto sacerdote, invoca - como um deus remoto e obscuro. Daí portanto o seu desprezo para com as provocações de Asmodeu. O demônio não o conquista porque está no mesmo plano do deus simbólico: é só vertigem!... Asmodeu oferece aquilo que Fausto mais deseja, mas não consegue seduzi-lo porque Fausto está preenchido pela associação que faz do pai real com o deus judaico-cristão.
Pode-se dizer que Fausto canalizou para a Igreja sua energia restauradora, sua esperança de se livrar da culpa pela morte do pai. Mas ao fazê-lo, o que restaurou mesmo foi a relação com o que é considerado Mau. O que a sociedade classifica como mau, Fausto absorve como frágil e reabilitável (por meio da ciência); portanto esse mau é menos mau do que ele, Fausto, que se sente imperdoável. Logo, há em meu Fausto um olhar estritamente carnal, terreno sobre a vida, onde não cabem promessas religiosas e fórmulas místicas... Tal como o deus de sua Igreja lhe é obscuro e abstrato, o demônio também não o atinge.
Na referência figurativa, a pintura de Wilhelm Koller, "Fausto e Mefistófeles esperando Margarida na porta da Catedral"

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Meu Fausto


O Fausto de ATO PENITENCIAL apresenta como a origem do seu conflito o instante em que, ainda criança, realiza uma ação prematura. Por ser prematura essa ação foi negligente, irrefletida e teve como resultado o sacrifício do pai. Meu Fausto, portanto, se caracteriza pela culpa de provocar a morte do pai. E a fonte dessa culpa é a imaturidade, o desconhecimento, a ignorância, o não-domínio da palavra, a imprudência, o não-saber... É por NÃO SABER que Fausto é culpado, por isso para livrar-se do conflito é preciso SABER. O crescimento do menino Fausto é todo envolto pela ideia de perda enquanto castigo pela ousadia de dizer sem medir as palavras, de gritar ao invés de argumentar, enfim, pelo erro de AGIR sem conhecer, sem possuir domínio sobre a ação.
Isso é só começo...
Na figura extraída da Web, uma imagem de Delacroix sobre o mito de Fausto

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Intuições sobre pós-escrito


O que fazer, enquanto se aprende, a não ser usar a intuição?
A intuição que cultivo, quase sempre, quando penso no meu novo livro - ATO PENITENCIAL - é que o demônio Asmodeu está deslocado na obra... não deslocado no contexto do enredo/discurso, mas no contexto do projeto inicial, ou seja, a essência fáustica do protagonista-narrador. Se Fausto mantém, desde as primeiras versões desse livro, aquele descontentamento enraizado na vontade de ir além e aquela rebeldia camuflada sob o simulacro cotidiano, Asmodeu surge a princípio sem saber por onde e como cercar Fausto, como se fosse um adereço necessário para justificar e complementar o propósito do mito. Muitas páginas foram escritas e reescritas na tentativa de dar-lhe o mesmo "estatuto ficcional" de Fausto. Se este - na minha opinião - consegue estabelecer uma linha de comunicação satisfatória com o real, o mesmo não posso dizer de Asmodeu.
Mas essa intuição terá que se preservar até que se confirme o diferente, mesmo porque o livro está pronto e será publicado em breve. O fato é que quando decidi trabalhar com um mito, da importância de Fausto, já sabia que não me contentaria com nenhum resultado.
Na foto, que extraí da Web, um momento do filme "Fausto", de Murnau. Filme indispensável!