quarta-feira, 20 de julho de 2011

A escrita como ofício

Estive presente na plateia do auditório da Biblioteca Padre Euclides, onde aconteceu, dia 09 de julho, o I CORES – Colóquio Regional de Escritores. Toda uma tarde de sábado dedicada a ouvir questões relacionadas ao mundo literário... A princípio, o que dá oportunidade a esse evento é a aproximação do Congresso de Escritores da UBE (União Brasileira de Escritores), a ser realizado em novembro próximo. Mas, além da UBE, o I CORES contou também com a Fundação Instituto do Livro RP e teve como idealizadora a Oficina Cultural Cândido Portinari de Ribeirão Preto. Com tal comunhão foi possível reunir um grupo considerável de pessoas ocupadas com as letras, nos seus variados aspectos: Ely Vieitez Lisboa, escritora e educadora; Edwaldo Arantes, do Instituto do Livro; Jorge Henrique Bastos, falou sobre o mercado editorial; Ângelo Davanço e José Castelo, jornalistas; e Luiz Costa Lima, crítico literário.
De todas as palestras levei alguma novidade ou vi afirmado o que já percebo desde que decidi atender às coisas da literatura. Contudo, a cada evento, a cada encontro, a cada momento de aprender, clareia mais a ideia da necessidade de uma conscientização sobre o ofício de escrever; ofício que muitas vezes é negligenciado em consequência das facilidades técnicas que nos proporcionam, hoje, os computadores e seus editores de texto, ao contrário do que acontecia no passado, nos tempos da máquina de escrever, da caneta, do tinteiro.
A consciência sobre o ofício da escrita - ainda que esta não tenha um cunho profissional, ainda que ela seja uma ocupação das “horas vagas” do escritor - deve ser vivida de modo constante e progressivo. E entre tantas exigências do ofício literário, uma me parece fundamental: a Crítica Literária. Lamentavelmente muitos confundem às vezes a crítica com uma espécie de rejeição da obra... No entanto esse trabalho é umas das melhores escolas da arte de escrever. Eu poderia listar algumas obras que me convenceram sobre a importância dessa leitura – por vezes árdua, aliás – mas prefiro ir direto ao ponto que me trouxe a este pequeno depoimento: no I CORES tive a oportunidade de conhecer um crítico literário, Luiz Costa Lima, cuja obra até agora eu, distraidamente, desconhecia. Na sua palestra, diante da questão levantada pelo mediador Menalton Braff, ele fala sobre o que chama de controle do imaginário. O termo me desperta uma curiosidade imensa e eu me surpreendo com minha própria ignorância sobre tal obra, após tanto tempo priorizando a crítica literária como forma de me orientar pelas Letras. Já nos dias seguintes ao colóquio, fui em busca do livro “O Controle do Imaginário e a Afirmação do Romance”, de Luiz Costa Lima. E já no início da leitura me convenço de que esse é mais um livro obrigatório, sobretudo para romancistas.
São muitas as exigências e prioridades do ofício de escrever; são muitos os campos de interesse e dedicação que requerem a atenção do escritor. Mas em meio a tudo isso a pouca valorização da Crítica, como respaldo para os amantes da literatura, é no mínimo incômoda. A Crítica não guia, não faz uma leitura pronta da obra, mas amplia o horizonte da leitura, oferece clareza sobre os contextos em que a obra foi gerada, provoca a reflexão e estimula a formulação crítica do próprio leitor.
Renovo portanto os votos de que a Crítica, sobretudo a literária, enfrente bravamente o “preconceito” e ocupe papel de destaque mesmo entre leitores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário