sábado, 5 de fevereiro de 2011

tantas ditaduras!

É 2011.

Em 1984, no Brasil, o clima era de esperança na redemocratização das instituições.

Lembro-me de 1984 como se fosse hoje...

Naquele tempo os adultos pensantes festejavam a falência do regime militar, instalado a partir de 1964. O aniversário de 20 anos do regime tinha na verdade um tom fúnebre... para os militares. Ninguém mais se iludia com o que havia. O regime agonizava e dava seu adeus. O povo - na voz dos intelectuais, jornalistas, artistas, ativistas e todo tipo de gente politizada que tinha se sacrificado contra os abusos do regime - proclamava que a democracia estava de volta. Ela voltou, cheia de planos, com mil desafios pela frente, com muita coisa para colocar em ordem. Mas foi se arranjando e oxigenando as instituições.
Contudo, 25 anos depois daquela eufórica vitória, ainda é possivel assistir a absurdos do tipo: dois locutores de rádio conversam no ar durante um programa; eles falam de antigos sucessos e relembram alguns fatos que foram notícia no passado, à época das canções que estão comentando. De repente um deles se lembra de um filme e de um nome de uma figura pública, que ainda atualmente está presente na mídia. Como se tivesse um censor ao seu lado, o locutor, em tom descontraído mas com certa ironia, oculta os nomes tanto do filme - que na época gerou polêmica - quanto da atriz, a figura que ainda é vista pelo público, só que sob outra imagem, quase contrária àquela que lhe valeu no passado o ingresso para o sucesso.
Ditaduras ainda existem. Locutores, jornalistas, artistas, que deveriam se sentir livres, ainda renunciam a algumas palavras, como se fossem censuradas.
Em nome de quê?

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