No capítulo
“Fome de Olho”, Márcia Tiburi faz uma interessantíssima colocação do conceito
de inveja, para dar continuidade ao argumento da atratividade da televisão. Vejamos
se consigo resumir aqui essa ideia um tanto complexa. Márcia explica que “Ver nos dá uma informação
exterior sobre a coisa. A inveja é o contrário.” (pg 106). A inveja consiste em
querer comer o que é visto, no sentido
de que o que é visto apresenta objetos que serão divididos entre o que será
tomado para mim e o que será descartado, jogado fora. A Invidia
seria o excesso do ver.
A ação
de tomar para si está muito próxima da ação da eliminação. A inveja é a
confusão entre devorar e eliminar aquilo que quero devorar. Ou devorar aquilo
que quero eliminar.
Desse processo
apossou-se a tecnologia, que cuida de oferecer ao olho o que ofereceria a um
olho artificial: um objeto programado para ser devorado. O olho artificial – o olho de vidro – é observador
e observado ao mesmo tempo.
Ao que
parece a teoria quer nos fazer crer numa ação televisiva enquanto isolamento do
ver-total. O que chamo de ver-total é o que nossos olhos veem fora do propósito
televisivo, embora eu concorde que nosso olhar, alheio à televisão, ainda
carrega em si componentes do olho de vidro, pois nossa cultura não sobrevive
sem a televisão. “Quando falamos de televisão não se trata de uma caixa preta
no sentido da fotografia, mas muito mais a caixa de Pandora do Espetáculo” (pg
110).
Estamos
nos aproximando, assim, do que quero “devorar”: a política por trás do aparelho
de TV. Pois o que parece meio óbvio ganha mais força quando sustentado por uma
observação filosófica. Assim acredito...
O capítulo
ainda não acabou. Tenho que continuar lendo... No momento em que estou parando
Márcia fala da decisão de ver do sujeito. E que tal decisão é paralisada pela
televisão. Acho que estamos diante de uma batalha que envolve câmera e tela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário