O PROJETO REVISTA MASCULINA
Em janeiro de 2002 escrevi um conto chamado “Revista Masculina”. Nesse texto, bastante longo para um conto, eu quis criar um personagem que trouxesse consigo um perfil ou algumas características do perfil que vinha sendo mostrado em revistas, sites e programas sobre comportamento, que tratavam do homem atual. Não são poucos os artigos, crônicas, reportagens que revelam os desafios, as insuficiências, os deslocamentos e a insegurança do homem do século XXI, seja em relação à nova mulher, seja em relação às novas exigências do mundo em transformação.
Esse era o projeto daquele texto primeiro. Mas, obviamente, para um tema dessa natureza não bastou um conto. Ao longo dos anos foram surgindo muitos textos inspirados na temática: o universo masculino nesse início de século. Até 2006 foram escritos: “Close UP”, “Encanto”, “A Agressão”, “Confronto”, “Laudo de Perícia Sobre o Sr Alceu Ferrero”, “Menta”, “O Ensaio na Casa Vizinha”, “O Baile Debutante”, “Amor Pensado”, “Longe do Teu Coração”, “Quick Motion”, “Beth e Fred”, “A Conexão”, “As Torres”, “Desafetos”, “Filhos de Caim”, “Joana D’Arc”, “Os Negociadores”, “Trilogia dos Enganos”, “Aparição”, “Close Up em Marcela”, “Entrevista de Um Ator Pornô para uma Revista Feminina”, “Fraudes e Delitos”, “Futebol”, “O Homem que Quis Ver o Pôr do Sol”, “O Aquário”, “Trilogia dos Cineastas Desamparados”, “Voo Rasante” e “Verônica Boêmia”. Todos permanecem inéditos, com exceção de “Beth e Fred” que foi publicado na antologia “Elo de Palavras” (Scortecci, 2008).
Entre 2007 e 2008 eu tentei organizar esse material. Ao me debruçar sobre ele para um julgamento crítico, deparei-me com alguns textos péssimos, outros razoáveis, alguns bons, muitos inacabados e algumas narrativas longas demais, além da diversidade de construção. Percebi, sobretudo, que o propósito da coletânea inicial estava sendo “invadido” por outros temas. Tratei de fazer divisões e definir o que realmente pertenceria à coletânea, que deveria se chamar “Revista Masculina”. Então, a seleção daquele momento ficou assim: “Close Up”, Close Up em Marcela”, “O Baile Debutante”, “Encanto”, “Futebol”, “Beth e Fred”, “Fraudes e Delitos”, “Aparição”, “O Homem que Quis Ver o Pôr do Sol”, “Longe do Teu Coração”, “Entrevista de Um Ator Pornô para uma Revista Feminina” e “Quick Motion”. Uniu-se à seleção, claro, o texto que deu origem ao projeto, “Revista Masculina”. Além desses, também foram incorporados à coletânea o conto “Incidente na Academia de Ginástica”, vindo de outra coletânea inédita, “Um Dossiê Médico”, e também “Dia Útil”, retirado da coletânea inédita homônima.
Ao descartar boa parte da coletânea original, acabei unindo alguns desses textos num novo conjunto. Surgia a coletânea “Filhos de Caim”. O mais interessante, ao fazer esse novo arranjo, foi perceber que a atmosfera dessa nova seleção tinha um gosto de “livro maldito”. Entre os malditos foram selecionados: “A Conexão”, “As Torres”, “Desafetos”, “Filhos de Caim”, “Joana D’Arc”, “Os Negociadores”, “Trilogia dos Enganos”, “Voo Rasante”, “A Agressão”, “Confronto”, “Laudo de Perícia Sobre o Sr Alceu Ferrero”, “Menta”, “O Ensaio na Casa Vizinha” e “Amor Pensado”. Mais tarde foi composto para essa coletânea o conto “Memórias de Uma Infância Oculta”.
Mas voltando à “Revista”, surge agora a vontade de publicar ao menos uma pequena parte daquela seleção de 2008. Fez-se assim mais uma seleção de textos, cujo subtítulo é “O Homem Exposto”. Para este primeiro volume de “Revista Masculina”, algumas narrativas sofreram pequenas alterações. O que se intitulava, originalmente, “Encanto”, foi rebatizado de “O Homem Encantado”. Já “Close Up” e “Close Up em Marcela”, tornaram-se apenas “Close Up”, pois o segundo título era apenas continuação do primeiro. Unem-se a elas: “Beth e Fred”, “Entrevista de Um Ator Pornô para uma Revista Feminina” e “Quick Motion”. De modo geral prefiro não nomear de Contos esta seleção, e sim apenas de Narrativas, visto que os recursos de linguagens usados em alguns textos vão além do tradicional Conto. “Quick Motion”, por exemplo, segue um formato de roteiro de televisão ou cinema, embora também não tenha a intenção de respeitar rigorosamente o padrão de roteiro. “Close Up” segue essa mesma linha; aqui o leitor é conduzido por uma câmera para observar o diálogo do casal Marcelo e Marcela. Em “O Homem Encantado”, o diálogo entre o Diretor e o Ator se faz sem a presença de um narrador. Aliás, o subtítulo “O Homem Exposto” decorre também dessa referência ao homem contemporâneo como objeto de observação de mídias, como a televisão e a revista.
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